Intolerancia en Niteroi denunciada por el nieto del mítico Áttila Nunes

Senhor Prefeito de Niterói

Jorge Roberto Silveira

Ainda menino, eu ouvia falar não apenas do senhor, como também de seu pai, o governador Roberto Silveira, líder democrata e trabalhista do antigo Estado do Rio de Janeiro.

Meu pai, Átila Nunes Filho, foi seu companheiro na Assembléia Legislativa, quando o senhor ainda era deputado. E dele sempre obtive as melhores referências do senhor como político e herdeiro do nome Roberto Silveira

A imprensa carioca dá ampla divulgação hoje às perseguições que uma ialorixá umbandista, Adriana de Holanda, moradora em Niterói, vem sofrendo de vizinhos intolerantes, ligados às seitas de fanáticos neopentecostais, que abominam os cultos afro-brasileiros.

A exemplo dos meus avós, Attila Nunes e Bambina, e de meu pai, o deputado Átila Nunes Filho, aprendi a respeitar as diferenças. Mas continuo considerando absurdas as demonstrações de preconceito. Qualquer tipo de preconceito.

Nasci como o senhor, num lar de políticos. E a primeira lição que se aprende na Política é que não temos o direito de usar a máquina pública para coagir quem quer que seja. Isso é totalitarismo. É antidemocrático. É típico dos que querem impor seu ponto de vista com o auxílio da administração pública. E acima de tudo é flagrantemente ilegal.

Infelizmente, a Prefeitura de Niterói comandada pelo senhor, agiu dessa forma. Agiu covardemente contra uma umbandista que realizava seu culto no aconchego de seu lar e que já vinha sendo martirizada por vizinhos intolerantes.

Ameaçada com barra de ferro e constrangida com ameaças no seu direito à prática de sua fé, Dona Adriana ainda recebeu por cima a visita de fiscais da Prefeitura de Niterói, querendo saber se o seu centro estava registrado.

Por acaso, Dona Adriana não tem centro. Ela só reza dentro de sua casa, dentro dos preceitos umbandistas. É uma irmã de crença, graduada, que ainda não teve a oportunidade de abrir seu centro. É só uma praticante. Mais nada.

Mas, desde quando, Prefeito Jorge Roberto Silveira, cabe às prefeituras a fiscalização de funcionamento de templos religiosos? Com que autoridade o senhor permite que fiscais da Prefeitura de Niterói tentem intimidar uma umbandista porque acende algumas velas e um defumador?

A Prefeitura age assim com igrejas católicas que abusam do uso de sinos às seis da manhã? Por acaso envia fiscais às casas de pastores que abusam de aparelhos de som? Por acaso fiscaliza muçulmanos que entoam preces?

Senhor Prefeito, Jorge Roberto. Carrego o nome Átila Nunes como o senhor carrega o nome Roberto Silveira. Meu avô e seu pai foram contemporâneos, ambos de Niterói. Meu pai é seu contemporâneo, ambos são da mesma geração. Os senhores foram deputados juntos. E sempre se notabilizaram por serem democratas.

Não é possível que o senhor se omita inexplicavelmente diante de tamanha violência que foi a utilização de fiscais da Prefeitura de Niterói para intimidar não a dirigente de um centro de Umbanda. Foi pior, Prefeito: tentaram intimidar uma simples praticante dentro de seu lar.

Ao em vez de agir em defesa da liberdade de culto, sua Prefeitura aliou-se aos intolerantes, aos preconceituosos, aos fanáticos, tentando calar a fé de uma irmã de crença que não cometeu um só crime.

Esse episódio, Prefeito, mostra que se numa cidade como Niterói, ex-capital do Estado Rio de Janeiro, uma das cidades mais importantes do Brasil, existem agentes públicos que, sob o silêncio de seu Prefeito, agem de forma absolutamente ilegal, imagino o que deve acontecer em cidades menores, do interior, aonde a imprensa não chega para reportar barbaridades como essa.

Além de uma ação enérgica na mídia nacional e junto ao Ministério Público, considero vital que se chame atenção para a ilegalidade flagrante da intimidação dos agentes da Prefeitura de Niterói contra a liberdade religiosa.

Manter no cargo o responsável por essa barbaridade é atestar a ilegalidade e o arbítrio perpetrado por agentes do governo.

Não é possível que continue sendo exibida essa face de fanatismo na Prefeitura de Niterói.

Torço, honestamente, pela admiração que sempre tivemos em nossa família pelo senhor, que a Prefeitura de Niterói tenha sido omissa, e não cúmplice dessa aberração.

ÁTILA NUNES NETO

2 comentarios:

Ilé Àse Òrìsànlá Tàlábí - Vinte e Três Anos de Tradição e Ancestralidade Nagô dijo...

Caríssimo, sou a Iyalorixá de Adriana de Holanda (Mãe Fia), e quero ressaltar a importância da divulgação deste caso por inúmeros meios. É realmente difícil de entender que ainda existem pessoas que descriminam nosso Culto. Nossa luta tem que continuar pelo fim da Intolerância Religiosa,o caso da minha filha é um entre inúmeros que vem acontecendo em todo território nacional, desrespeitando assim os nossos ancestrais e todos aqueles que lutam para manter nossa religião viva e respeitada.
Nós do Ilê Axé Oxalá Talabi agradecemos a você pela força e por abraçar esta causa, prezando assim pela integridade do nosso Culto.

Mãe Dada Talabideiyn

Milton Acosta, Òséfúnmi ti Bàáyin dijo...

Ilustríssima mãe Dada, sou eu que agradeço a oportunidade de poder divulgar um caso que bate sobre todos nós afro-brasileiros. A sua benção me guarde. Adoro o seu site!