Veterinários temem que animais sejam sacrificados ou vítimas de maus-tratos.
Silvia Ribeiro Do G1, em São Paulo
De animal venerado no Egito antigo, os gatos se tornaram séculos mais tarde alvo de superstições de toda a espécie no Ocidente. Até os dias de hoje, há quem associe os felinos de cor preta a mau agouro e a todo tipo de superstição. Para evitar que os gatos pretos sejam vítimas de maus tratos, o Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo (CCZ), órgão ligado à Secretaria Municipal da Saúde, baixou há cerca de cinco anos norma que proíbe a adoção desses bichanos “alguns dias antes” antes das sextas-feiras 13.
Quem explica é a veterinária Solange Germano, de 51 anos, há mais de 20 atuando no CCZ. Ela prefere não especificar quanto tempo antes das sexta-feiras 13, data envolta em misticismo, a proibição é aplicada para que os mal intencionadas não tentem burlar a determinação. A norma teve início quando um desses suspeitos tentou adotar um gato de cor preta do Centro de Controle de Zoonoses, responsável por zelar por esses animais e controlar a população de animais domésticos da capital.“Embora não tenha uma estatística que diga o que pode acontecer, já ocorreu uma vez de uma pessoa vir aqui à procura de um animal preto. Ela falou para a funcionária: ‘Eu vou fazer um trabalho e preciso de um gato preto’”, relembra a veterinária. Ele não foi o único. Outros suspeitos, conforme relata Solange Germano, já sondaram o CCZ em busca de gatos pretos próximo à data. Animais de cor preta, como galinhas e patas são freqüentemente encontrados mortos por rituais de sacrifício por agentes do órgão.
Critério
Como medida preventiva, o CCZ redobrou os cuidados no período que antecede as sextas-feiras 13. Além dessa proibição, quem deseja adotar um bichano ou um cão deve antes passar por uma “entrevista pente-fino”. O objetivo é identificar se o interessado tem condições de criar um animal (confira abaixo os pré-requisitos para a adoção no CCZ) “Quem vem adotar, adota porque gosta. Não vem escolher por cor”, avalia Solange Germano, acrescentando que os mais procurados são filhotes e animais de raça.
Os candidatos a criar gatos e cachorros recolhidos pelo Centro de Controle de Zoonoses, cuja sede de adoções localiza-se em Santana, na Zona Norte, podem até receber futuramente visitas de agentes que verificam as condições do bicho. É necessário pagar uma taxa (R$13,80, que já inclui o chamado Registro Geral Animal) e retirar os bichinhos com uma caixa de transporte (gatos) e coleira e guia (cachorros). Os animais já são entregues castrados e com as vacinas em dia.
Sem pedigree
Atualmente, segundo a veterinária Solange Germano, há 64 gatos para adoção no CCZ. Desses, 19 são pretos e a maioria “vira-latas” - o que pode representar uma vantagem porque têm resistência maior em relação aos animais com pedigrees. Apesar do preconceito infundado, os gatos são os líderes de procura no “gatil” do Centro de Controle de Zoonoses que recolhe na capital animais vítimas de maus-tratos e abandonados em lugares públicos.De janeiro até 31 de maio deste ano foram adotados no órgão municipal 174 gatos, enquanto 120 cães ganharam novos donos. “Gato exige menos espaço. Não faz barulho. Não incomoda. Pode ser criado até em apartamento”, justifica a veterinária, dona de sete gatinhos. Estima-se que, ao todo, existam 280 mil gatos na cidade de São Paulo.
Confira o que é necessário para adotar cães e gatos no CCZ:
- Apresentar RG, CPF e comprovante de residência
- Ser submetido a entrevista que avalia as condições do interessado de criar o bicho
- Pagar taxa de R$ 13,80- Levar caixa de transporte (para gatos) e coleira e guia (para cães)
- O setor de adoção do CCZ fica na Rua Santa Eulália, 86 (Santana – Zona Norte)/ Tel. (11) 2224-5500
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