Balbino Daniel de Paula ou Balbino de Xangô é um dos mais importantes sacerdotes do Candomblé, se não o mais significativo do sexo masculino. (Fotografía tomada por Pierre Verger, 1950)
Neto de escravos, Balbino cresceu em Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, ao largo de Salvador da Bahia, morada do mais secreto e inacessível templo afro-brasileiro, o Terreiro dos Eguns, na altura dirigido pelo seu pai biológico, o Alapinin Pedro Daniel de Paula. “Até os 12 anos não podíamos ver a festa à noite, por isso ficávamos felizes quando tínhamos a oportunidade de dar presentes a Bababê na festa dele, ele dava ecó (acaçá) para a gente e mãe Senhora ia sempre lá, ela fazia obrigação de babalorixá”, conta ele. Na época, com apenas seis anos, Balbino conhece Pierre «Fatumbi» Verger, o etnólogo e fotógrafo francês — de alma afro-bahiana — que sempre acompanhava mãe Senhora do Ilê Axé Opô Afonjá até Itaparica. “Ficava impressionado com a figura daquela mulher. A minha relação com a minha mãe era tão carinhosa que ela até me botou um apelido, Negrito, era assim que ela me chamava”. Balbino ganhou a simpatia e o carinho de mãe Senhora, a mais venerada mãe-de-santo da época. Por motivos que ele até hoje desconhece, até ser encaminhado ao Ilê Axé Opô Afonjá vivenciou uma experiência curiosa em outro terreiro de candomblé. Duas de suas irmãs já tinham sido feitas de santo no terreiro de São Gonçalo do Retiro. Mas ele, não. Continuava na sua rotina de verdureiro nas feiras livres de Salvador. Até que por problemas de saúde, foi encaminhado a um terreiro na Federação. Contudo, um trágico episódio abortou o seu processo de iniciação. “O pai-de-santo, pai Vidal, de Oxaguian, morreu sete dias depois d'eu ter sido recolhido lá”, conta. Voltou para casa sem passar pela iniciação. Acaba no Ilê Axé Opô Afonjá justamente às mãos de mãe Senhora de quem fica ainda mais próximo. Desde esse momento passa a conviver com Jorge Amado e Pierre Verger, os vultos da época.
Verger costumava trazer-lhe recordarções de África, elementos ligados ao culto dos orixás. Segundo Balbino: “E eu sempre pedia a ele: ”Me leva para a África?”. Ele me respondia: ”Um dia Xangô vai te levar”. Decorria o ano de 1959. Em Fevereiro de 1973 Balbino parte para Saketê, no Dahomey (Benin) “Quando cheguei, fiquei impressionado com aquelas mulheres de peitos de fora e aqueles homens de corpo pintado, nunca tinha visto coisa igual”, relembra. Pierre Verger lança-o para o contacto: “Você não queria vir? Agora que você está aqui se comunique com o seu povo”. Balbino rezou a Xangô e pediu ajuda. À sua cabeça veio a ideia de cantar para o seu orixá em yorubá, claro está. “Me veio a cantiga de Xangô e cantei em iorubá. Cantei uma, duas vezes, e nada. Eles só faziam me olhar”. Tentou uma terceira vez. "Dessa vez todos pegaram no xerê e começaram a cantar" junto com Balbino.
Na rua do Saketê Balbino tem hoje a sua própria casa, o Ilê Axé Opô Aganjú, e uma creche para sessenta crianças da comunidade carente de Lauro de Freitas.
Neto de escravos, Balbino cresceu em Ponta de Areia, na Ilha de Itaparica, ao largo de Salvador da Bahia, morada do mais secreto e inacessível templo afro-brasileiro, o Terreiro dos Eguns, na altura dirigido pelo seu pai biológico, o Alapinin Pedro Daniel de Paula. “Até os 12 anos não podíamos ver a festa à noite, por isso ficávamos felizes quando tínhamos a oportunidade de dar presentes a Bababê na festa dele, ele dava ecó (acaçá) para a gente e mãe Senhora ia sempre lá, ela fazia obrigação de babalorixá”, conta ele. Na época, com apenas seis anos, Balbino conhece Pierre «Fatumbi» Verger, o etnólogo e fotógrafo francês — de alma afro-bahiana — que sempre acompanhava mãe Senhora do Ilê Axé Opô Afonjá até Itaparica. “Ficava impressionado com a figura daquela mulher. A minha relação com a minha mãe era tão carinhosa que ela até me botou um apelido, Negrito, era assim que ela me chamava”. Balbino ganhou a simpatia e o carinho de mãe Senhora, a mais venerada mãe-de-santo da época. Por motivos que ele até hoje desconhece, até ser encaminhado ao Ilê Axé Opô Afonjá vivenciou uma experiência curiosa em outro terreiro de candomblé. Duas de suas irmãs já tinham sido feitas de santo no terreiro de São Gonçalo do Retiro. Mas ele, não. Continuava na sua rotina de verdureiro nas feiras livres de Salvador. Até que por problemas de saúde, foi encaminhado a um terreiro na Federação. Contudo, um trágico episódio abortou o seu processo de iniciação. “O pai-de-santo, pai Vidal, de Oxaguian, morreu sete dias depois d'eu ter sido recolhido lá”, conta. Voltou para casa sem passar pela iniciação. Acaba no Ilê Axé Opô Afonjá justamente às mãos de mãe Senhora de quem fica ainda mais próximo. Desde esse momento passa a conviver com Jorge Amado e Pierre Verger, os vultos da época.
Verger costumava trazer-lhe recordarções de África, elementos ligados ao culto dos orixás. Segundo Balbino: “E eu sempre pedia a ele: ”Me leva para a África?”. Ele me respondia: ”Um dia Xangô vai te levar”. Decorria o ano de 1959. Em Fevereiro de 1973 Balbino parte para Saketê, no Dahomey (Benin) “Quando cheguei, fiquei impressionado com aquelas mulheres de peitos de fora e aqueles homens de corpo pintado, nunca tinha visto coisa igual”, relembra. Pierre Verger lança-o para o contacto: “Você não queria vir? Agora que você está aqui se comunique com o seu povo”. Balbino rezou a Xangô e pediu ajuda. À sua cabeça veio a ideia de cantar para o seu orixá em yorubá, claro está. “Me veio a cantiga de Xangô e cantei em iorubá. Cantei uma, duas vezes, e nada. Eles só faziam me olhar”. Tentou uma terceira vez. "Dessa vez todos pegaram no xerê e começaram a cantar" junto com Balbino.
Na rua do Saketê Balbino tem hoje a sua própria casa, o Ilê Axé Opô Aganjú, e uma creche para sessenta crianças da comunidade carente de Lauro de Freitas.
[João Ferreira Dias, para APCAB]
Eléèmíi ó gígún, àrà funfun!
(¡Él posee la vida eterna en la blancura del rayo sagrado!)
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