"A princípio, todo terreiro é uma família, porque é a família espiritual. Nosso chefe, nosso patrono aqui é Xangô. Então, tudo aqui é feito com as bençãos, as determinações de Xangô. Ele não vem e fala, mas através dos búzios e de certas práticas, nós podemos contar com ele. Então tudo o que aqui é feito é por orientação espiritual de Xangô. E como na vida, a comunidade-axé é uma escola. Aqui a gente aprende o lado espiritual -e o espiritual apenas por si só é importante-, mas não é a única coisa que existe na sociedade, por isso temos o lado social. Temos o espiritual e o social. Então esse espaço que nós ocupamos é como se fosse uma pequena cidade. Uma cidade que já vem do tempo de Mãe Aninha, quando ela caracterizou aqui como a África botando uma casa para cada orixá. Enquanto lá cada orixá tem a sua tribo e a sua cidade, ela deu um espaço para cada um onde eles têm seus rituais em dias diferentes, separados, cada um seguindo os seus preceitos. E também a resistência maior da raça negra foi na religião, na crença dos orixás. Se não fosse assim, a mulher da crença nos orixás não teria essa auto-estima. O pessoal de candomblé tem auto-estima, o pessoal de candomblé se gosta, gosta de si próprio e, até por osmose gosta do irmão, porque os que entram aqui estão todos sobre orientação de Xangô ou de Oxalá. São todos irmãos e a coisa mais normal do mundo é que um irmão goste do outro, com raras exceções, mas é normal na vida".
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