“A escrita é uma coisa, e o saber, outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não saber em si. O saber é uma luz que existe no homem. A herança de tudo aquilo que nossos ancestrais vieram a conhecer e que se encontra latente em tudo o que nos transmitiram, assim como o baobá já existe em potencial em sua semente.” (Tieno Bokar, in: A Tradição Viva, de A. Hampatê Ba. História Geral da África)
Eis um dos porquês resgatar o lugar de valor e o prestígio da palavra falada entre os negro-africanos e os afro-brasileiros. A palavra como fonte e registro das tradições e da história oral é um dos objetivos centrais do Núcleo de História Oral do Museu Afro Brasil. Os outros amarram-se à nossa luta por liberdade e identidade histórico-cultural. Registrar, documentar, preservar e divulgar relatos e histórias de vida, seja de comunidades negras brasileiras, como os quilombos, ou de personalidades negras importantes, na vida e na história dos grupos afro-brasileiros, são as tarefas que o Núcleo de História Oral do Museu Afro Brasil tem como desafio desenvolver. Trabalhamos na perspectiva de que “a oralidade é uma atitude diante da realidade e não a ausência de uma habilidade.”, como ensina J. Vansina. É a gênese do conhecimento e saber do negro e, portanto, do homem. Queremo-nos portanto, griots e domas; enfim, contadores e sujeitos de história. Ouvir e fazer entender as vozes que cantam, contam, assombram e encantam as histórias da nossa história é registrar com sons e sentidos a força vital, milenar e criadora que a palavra falada instaura e movimenta, seja com o nome de oralidade, oralitura, oratura ou tradição oral.
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