Nada pode alterar a trajetória do Iponri a não ser o livre arbítreo.
Ao renascer num novo ará, o Iponri perde a consciência de todas as sua vidas pregressas e de sua própria condição divina.
Blavastki chama a este fenômeno de "Véu de Isis", que embota por completo toda e qualquer experiência ou memória de vidas anteriores.
O destino imutável, da forma como é conceituado segundo a filosofia cristã ocidental ou o conceito de karma dos orientalistas, inexistem na filosofia afro-negra.
É o Odù de cada indivíduo que irá determinar a trajetória de cada um, não como coisa inevitável e imutável, e sim como uma espécie de balisamento dentro do qual as vocações e tendências quer seja para o bem, quer seja para o mal; serão observadas ou não. É o livre arbítreo que irá proporcionar a cada indivíduo a opção relacionada a estas tendências.
Por exemplo, o Odù Òwónrin Ogbè traz tendências para a prática da prostituição: todavia, uma mulher deste Odù pode viver toda a vida sem assumir tal prática, o que representa uma vitória espiritual que lhe foi proporcionada por sua própria opção ou pelo seu livre arbítreo.
A iniciação em Ifá exacerba a consciência sacerdotal e proporciona a possibilidade de, fortalecido o caráter, sobrepujar-se os percalços ou vencê-los com conformidade. Ao sacerdote cabe a obrigação de policiar-se, corrigindo seus próprios defeitos e moldando o seu caráter, transformá-lo de mau para bom. Infelizmente, muitos usam o poder conferido pela iniciação de forma distorcida e isto ressalta o seu iwa buruku.
O conhecimento do seu Odù pessoal proporciona ao ser humano a possibilidade de evoluir espiritual e materialmente uma vez observadas as suas orientações e respeitados os seus tabus. Desta forma o caráter pode ser lapidado. Devemos lembrar-nos que, observar tabus e seguir orientações são opções que dependem também do livre arbítreo.
Nada nem ninguém interfere na vontade humana a não ser a própria vontade.
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