A Suas Excelências os Senhores
Deputado Federal Edson Santos de Souza
Ministro-Chefe da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial & Gilberto Passos Gil Moreira, Ministro de Estado da Cultura
Senhores Ministros,
Na esperança de que a presente missiva os encontre o melhor possível, dirigimo-nos a Vossas Excelências, em nome de todos os associados e amigos do IDII, para expressar nossa dor e amargura pela situação lastimável em que se encontra a Igreja da Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos do Rio de Janeiro.
Conforme tem sido amplamente noticiado pela imprensa falada e escrita, a histórica Igreja, bem imóvel da Irmandade, foi penhorada por ordem do egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Isso é inadmissível. A Igreja do Rosário é, repita-se quantas vezes forem necessárias, um dos templos históricos mais importantes do Brasil. Nosso Instituto Cultural nasceu lá, em 13 de Maio de 2001, para revificar a memória da Redentora e de todos os Abolicionistas do Brasil, precisamente porque ela é o mais esplêndido ícone físico do maior movimento social brasileiro do Oitocentos: o Abolicionismo. Mesmo antes da década de 1880, já na chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808, a Igreja teve o papel de destaque garantido por ser, à época, a sé catedral do Rio de Janeiro. Foi o primeiro prédio visitado por D. João em 8 de março de 1808 e, a 13 de maio do mesmo ano, lá comemorou-se o primeiro aniversário do Príncipe Regente em terras brasílicas — o termo “brasileiro” ainda não existia. Mesmo depois de a Sé ter se transferido para a Capela Real de Nossa Senhora do Carmo (esquina das atuais ruas cariocas Sete de Setembro e Primeiro de Março), pelo fato da Rainha enferma (D. Maria I) viver no convento contíguo a esta igreja e assistir missas diariamente, a Igreja do Rosário continuou sendo palco de importantíssimos momentos daquilo que se constituiria em movimento de emancipação nacional. Após o retorno de D. João VI a Portugal e a efetivação da Regência de D. Pedro de Alcântara, houve a formação do “partido brasileiro”, precisamente no Consistório da Igreja do Rosário, local em que funcionava o Senado da Câmara do Reino do Brasil. Em 9 de Janeiro de 1822, como é sabido, uma deputação de senadores saiu da Igreja e foi ao Príncipe levar o posicionamento dos parlamentares, clamando a Sua Alteza que ficasse no Brasil e que não mais obedecesse às ordens das Cortes de Lisboa (parlamento português), onde os liberais burgueses exigiam a recolonização de nosso País. Por fim, em 13 de Maio de 1822, D. Pedro foi aclamado na Igreja do Rosário como “Defensor Perpétuo do Brasil” e daí em diante a Independência efetiva só fez apressar. Em todos esses eventos históricos, a presença da irmandade negra do Rio de Janeiro teve papel preponderante. É um avilte que interesses pecuniários queiram destruir a História do Brasil. Como instituição cultural que representa uma parcela da sociedade civil organizada — ainda que pequena —, vimos a Vossas Excelências rogar por uma solução aos problemas da Irmandade do Rosário do Rio de Janeiro. O MUSEU DO NEGRO que funciona no sobrado da Igreja vive em situação de precariedade absoluta; parece que atualmente não possui sequer museólogo responsável. Lá estão os dois únicos estandartes abolicionistas que restaram dos heróicos anos 1880. Conforme registra o historiador Eduardo Silva, um dos maiores estudiosos e mais atuantes defensores da memória abolicionista na academia de História e Ciências Sociais do Brasil atual, a Igreja do Rosário era o “quartel-general do Abolicionismo”.
Este Instituto, organização não-governamental propugnadora do neo-abolicionismo no Brasil — semelhante ao que Vossa Excelência, Ministro Gil, chamou recentemente de “segunda Abolição” —, pretende com esta Carta Aberta, demandar que um projeto cultural de grande monta dê conta da restauração do histórico edifício carioca, para o bem não só da memória dos afro-brasileiros — terminologia que engloba a quase todos nós, miscigenados que somos —, mas para a MEMÓRIA DO BRASIL.
Muito respeitosamente,
Juarez do Nascimento Fernandes de Távora -Presidente de Honra
Laerte Lucas Zanetti - PresidenteConforme tem sido amplamente noticiado pela imprensa falada e escrita, a histórica Igreja, bem imóvel da Irmandade, foi penhorada por ordem do egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Isso é inadmissível. A Igreja do Rosário é, repita-se quantas vezes forem necessárias, um dos templos históricos mais importantes do Brasil. Nosso Instituto Cultural nasceu lá, em 13 de Maio de 2001, para revificar a memória da Redentora e de todos os Abolicionistas do Brasil, precisamente porque ela é o mais esplêndido ícone físico do maior movimento social brasileiro do Oitocentos: o Abolicionismo. Mesmo antes da década de 1880, já na chegada da Corte Portuguesa ao Brasil, em 1808, a Igreja teve o papel de destaque garantido por ser, à época, a sé catedral do Rio de Janeiro. Foi o primeiro prédio visitado por D. João em 8 de março de 1808 e, a 13 de maio do mesmo ano, lá comemorou-se o primeiro aniversário do Príncipe Regente em terras brasílicas — o termo “brasileiro” ainda não existia. Mesmo depois de a Sé ter se transferido para a Capela Real de Nossa Senhora do Carmo (esquina das atuais ruas cariocas Sete de Setembro e Primeiro de Março), pelo fato da Rainha enferma (D. Maria I) viver no convento contíguo a esta igreja e assistir missas diariamente, a Igreja do Rosário continuou sendo palco de importantíssimos momentos daquilo que se constituiria em movimento de emancipação nacional. Após o retorno de D. João VI a Portugal e a efetivação da Regência de D. Pedro de Alcântara, houve a formação do “partido brasileiro”, precisamente no Consistório da Igreja do Rosário, local em que funcionava o Senado da Câmara do Reino do Brasil. Em 9 de Janeiro de 1822, como é sabido, uma deputação de senadores saiu da Igreja e foi ao Príncipe levar o posicionamento dos parlamentares, clamando a Sua Alteza que ficasse no Brasil e que não mais obedecesse às ordens das Cortes de Lisboa (parlamento português), onde os liberais burgueses exigiam a recolonização de nosso País. Por fim, em 13 de Maio de 1822, D. Pedro foi aclamado na Igreja do Rosário como “Defensor Perpétuo do Brasil” e daí em diante a Independência efetiva só fez apressar. Em todos esses eventos históricos, a presença da irmandade negra do Rio de Janeiro teve papel preponderante. É um avilte que interesses pecuniários queiram destruir a História do Brasil. Como instituição cultural que representa uma parcela da sociedade civil organizada — ainda que pequena —, vimos a Vossas Excelências rogar por uma solução aos problemas da Irmandade do Rosário do Rio de Janeiro. O MUSEU DO NEGRO que funciona no sobrado da Igreja vive em situação de precariedade absoluta; parece que atualmente não possui sequer museólogo responsável. Lá estão os dois únicos estandartes abolicionistas que restaram dos heróicos anos 1880. Conforme registra o historiador Eduardo Silva, um dos maiores estudiosos e mais atuantes defensores da memória abolicionista na academia de História e Ciências Sociais do Brasil atual, a Igreja do Rosário era o “quartel-general do Abolicionismo”.
Este Instituto, organização não-governamental propugnadora do neo-abolicionismo no Brasil — semelhante ao que Vossa Excelência, Ministro Gil, chamou recentemente de “segunda Abolição” —, pretende com esta Carta Aberta, demandar que um projeto cultural de grande monta dê conta da restauração do histórico edifício carioca, para o bem não só da memória dos afro-brasileiros — terminologia que engloba a quase todos nós, miscigenados que somos —, mas para a MEMÓRIA DO BRASIL.
Muito respeitosamente,
Juarez do Nascimento Fernandes de Távora -Presidente de Honra
Bruno Hellmuth - Vice-Presidente
Vanderli Teixeira de Faria - Secretário
Selene Soares Cruz
Inoã Pierre Carvalho Urbinati
Carlos Roberto Bastos Pereira - Conselheiros de Administração
Otto de Alencar de Sá-Pereira - Decano do Conselho Consultivo
Francisco Camões de Menezes - Vice-Decano do Conselho Consultivo
Senhora Sebastião Perlingeiro (Condessa Olga Csàky)
Ana Maria Enout Rebouças
Lêda Machado
Maria de Lourdes Lamonica
Sandra Ramon Franco
Cristina Alves Labrujó
Sebastião Leite Abreu Perlingeiro
Gastão Reis Rodrigues-Pereira
João Pedro de Saboia Bandeira de Mello Filho
Adilson de Vasconcellos Leal
Gary de Oliveira Bon-Ali
José Silvio Leite Jacome
Celio Gallotti Guimarães
Eduardo Pellew Wilson, Conde de Wilson
Alexandre Carneiro de Mendonça
Bruno da Silva Antunes de Cerqueira
Thyago Silva Mathias - Conselheiros Consultivos do IDII
Barra Bonita (SP) - Antonio A. Belarmino Jr.
Brasília (DF) - Roberto Ricardo Mäder N. Machado
Curitiba (PR) - Zelia Maria Nascimento Sell
Curitiba (PR) - Clayton Maranhão - Vice-Representante
Fortaleza (CE) - Stelio Maia Ferreira Marinho
Fortaleza (CE) - Maria Adelaide Flexa Barreto - Vice-Representante
Mesquita (RJ) - Luís Severiano Soares Rodrigues
Natal (RN) - Francisco Anderson Tavares Lyra
Niterói (RJ) - Francisco Tomasco de Albuquerque
Pelotas-Pedro Osório (RS) - Bruno de Oliveira Barbozza
Porto Alegre (RS) - Fernando Baptista Bolzoni
Ribeirão Preto-Caconde (SP) - Alexandre Affarelli
Rio Bonito (RJ) - Francisco Silvino Teixeira das Flores
Salvador (BA) - Caio Cesar Tourinho-Marques, Visc. de Tourinho
São José do Rio Preto (SP) - Jorge J. Bittar Al-Sheik
São Luís (MA) - João Rezende Dias Filho
São Paulo (SP) - Kristhian Gustav Rupp-Mancilla
Sorocaba (SP) - Marco de Mesquita e Bonfim Romiti
Sumé (PB) - Antonio Aprígio Pereira - Conselheiros da IDII
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