Resultado da pesquisa teatral da atriz e diretora Luciana Saul, a peça "Itãs Odu Medéia" estréia dia 13 de maio, às 21 horas, no Espaço Cultural Arte Tangível, trazendo no elenco os atores da companhia de teatro Arte Tangível, Thomas Holesgrove, Renata Mazzei, Alexandre Saul e Luciana Saul, que mesclam trechos de versões de Medéia escritos por Eurípides, Chico Buarque e Paulo Pontes, Sêneca e Heiner Muller com rituais do Candomblé. No galpão da própria companhia –com aproximadamente 240 m²-, a platéia caminha por entre o cenário (construído pelos próprios atores), dividido em doze partes com objetos que simbolizam a história dos orixás. Em alguns pontos do espetáculo, o público entra na história entoando orações ou degustando comidas oferecidas aos orixás.
As quatro versões de Medéia escolhidas pela diretora –“Medeia”, de Eurípides; “Medeia”; de Sêneca; “Medeamaterial”, de Heiner Muller, e “Gota D’água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes- serviram como guias à ação do espetáculo. Eles constituíram mais um estimulo para a criação da encenação. “Dessa maneira, permitimo-nos fazer os cortes necessários em função das necessidades da cena. Invertemos, por vezes, a ordem lógica racional de causa e efeito de alguns dos textos e colocamos cenas simultâneas e cenas repetidas do mesmo texto ou de textos diferentes”, explica a diretora Luciana Saul. Ela completa: “As cenas também apresentam danças, cantos e outros elementos dos rituais do candomblé. Eles vão costurando o texto e apresentando os cenários e as histórias que estão por vir”.
Além das Medéias grega, romana, alemã e brasileira, a preparação do espetáculo apoiou-se também em outros textos, coletados das obras de Pierre Fatumbi Verger (“Lendas Africanas dos Orixás” e “Orixás”) e de Reginaldo Prandi (“Mitologia dos Orixás”), que descrevem as histórias mitológicas dos Orixás. Os textos são: “Oiá transforma-se num búfalo”; “Sobre Obá e Oxum”, “Oxum dança para Ogum na floresta e o traz de volta à forja”; “Xangô é escolhido rei de Oió”; “Xangô é reconhecido como o Orixá da justiça”; “Euá casa-se com Oxumaré”; “Euá se apaixona por um forasteiro”; “Oxumarê transforma-se em cobra para escapar de Xangô”; “Ogum é transformado em orixá”; “Disputa entre Nanã Buruku e Ogum”; “Xangô vence Ogum na pedreira”; “Xangô mata o monstro e lança chamas pela boca”; “Oxum Apará tem inveja de Oiá”.
SIMBOLISMO NOS CENÁRIOS E FIGURINOS
A diretora Luciana Saul afirma que “Itãs Odu Medeia”, assim como os rituais do Candomblé, baseia-se nos cinco sentidos: visão, olfato, tato, audição e paladar. O galpão de 240 m² onde acontece o espetáculo, foi dividido em doze mini-cenários cada um representando um orixá. “Cada parte do espetáculo é regida por um orixá, assim como os personagens. Tentamos traduzir isso nos elementos cênicos e nos figurinos. Por exemplo, Medéia acumula algumas características de Iansã (também cultuada pelo nome de Oyá), que é a Rainha dos Ventos, por isso sua roupa é confeccionada a partir de um tecido leve e esvoaçante”, explica a diretora.
A influência dos orixás também pode ser conferida no cenário, que foi construído pelos próprios atores, num exercício de aproximação da cultura do candomblé. Na parte regida por Iemanjá, a Rainha do mar, muitas redes de pescadores. Já no cenário de Oba, que cortou suas orelhas e as colocou numa sopa para conquistar o marido, vemos a sopa a que faz referência o mito.
Num determinado momento do espetáculo, os personagens oferecem ao público as comidas dos orixás. A platéia degustará milho, pipoca, acarajé, bolinho de Oxalá (feito de inhame) entre outros pratos que serão servidos em folha de bananeira.
SINOPSE
Nesta nova obra, a Arte Tangível reconta o mito eterno de Medéia e a história do seu crime contra seus próprios filhos. Medéia está enlouquecida, com raiva, quando o seu homem, Jasão, a abandona para casar-se com a filha do rei Creonte. Em resposta aos gritos, as reclamações públicas e às maldições lançadas por Medéia sobre a família real, Creonte resolve mandá-la para o exílio sob pena de matá-la se ela não for embora. Mas esta sentença só serve para exacerbar a raiva da mulher e quando ela percebe o ponto fraco de Jasão, resolve vingar-se terrivelmente, matando todos aqueles que estão em volta dele: até os seus próprios filhos. Para a diretora Luciana Saul, “o mito, que se originou na Grécia Antiga, é mais relevante do que nunca no mundo contemporâneo, onde ‘crimes de paixão’ figuram diariamente na mídia. A história de Medéia discute desejo, inveja, traição e raiva. Explora a fronteira tênue entre o amor e o ódio e provoca perguntas sobre os limites da vingança”.
A PESQUISA
A peça “Itãs Odu Medeia” é resultado da pesquisa teatral da atriz e diretora Luciana Saul, que concluiu recentemente sua tese de Mestrado na Escola de Comunicações e Arte da USP, sobre rituais de candomblé para o teatro (“Rituais do Candomblé, uma inspiração para o trabalho criativo do ator”) “A pesquisa que culminou neste espetáculo objetivou extrair dos elementos dos rituais do Candomblé referências para ativar o poder de criação do ator e, posteriormente, possibilitar que este ator levasse o que aprendeu para seu trabalho de atuação e seus movimentos no palco”, explica a diretora. “Por meio dos toques, das danças e mitos dos Orixás, desenvolvemos um treinamento específico para nosso elenco, buscando a modelagem da energia dos atores na criação dos aspectos diversos de seus personagens”, diz Luciana Saul.
1 comentario:
e muito bom mas eu queria que colocasse mas coisas e mas fotos assim se algem pressa-se de fazer um trabalho faria logo neste site de vc tá beijo e adorei o site só precisa colocar mas coisas como a que eu deixei acima entre outras isto não e um recado e sim uma critica de pois eu volto para ver e deixo outro recado o praso vai até o dia 28 de Fevereiro ou !!!!!!!!!!???????????
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